sábado, julho 02, 2011

Análise de Rui Vieira Nery - sobre o processo «A Filha Rebelde»

Publicado no grupo a 30/06/2011
http://www.facebook.com/home.php?sk=group_218651868154749&ap=1

«Tudo é assustador neste processo escabroso. Em primeiro lugar, naturalmente, a própria tese de fundo de que o dirigente principal da polícia política do fascismo não é responsável pelos actos da corporação que dirige, mesmo quando não os executou pessoalmente. Depois a ideia de que como o primeiro processo que lhe foi instaurado ficou sem efeito pela morte do arguido isso equivale a uma absolvição. A juntar a isso o princípio de que o direito à imagem pode sobrepor-se de forma absoluta e ilimitada a todos os outros direitos legítimos em presença (liberdade de expressão, liberdade de criação artística, direito à informação, interesse público, etc.). Em seguida, o próprio efeito de pressão ilegítima que a simples admissão do processo exerce sobre os criadores, os historiadores, os editores e os produtores relativamente a futuras ocasiões em que possam vir a ser confrontados com situações como esta. E por último porque se insere numa tendência mais geral muito preocupante para tentar branquear o carácter intrinsecamente ilegítimo e criminoso do Estado Novo e dos seus agentes, envolvendo-o numa ilusão de "normalidade" desculpabilizadora.»

2 comentários:

mfc disse...

Uma análise arrasadora!

Margarida Belchior disse...

É isso, mfc! ... tudo a descoberto! Não se pode contemplar com este tipo de coisas! Bjs