Vem isto a propósito do último título da revista PÚBLICA (Sábado, dia 5/09/2009) ... «A minha Escola é esquisita!»
... por outras razões [ou seriam as mesmas?] Fernando Pessoa diria exactamente o mesmo! ... resta-me perguntar: quem torna a actual escola «esquisita»? ... ou não será verdade que a maioria dos alunos, segundo investigações recentes, o que mais gosta na Escola são os espaços e os tempos de encontro com os seus colegas e amigos?
Porque precisa a sociedade actual de Escolas «esquisitas»? ... de escolas como se fossem fábricas?
[Não tenho hoje tempo para me alongar mais, mas muito há ainda a dizer sobre este assunto!]
Texto de Fernando Pessoa
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200809030110
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