quinta-feira, junho 03, 2010

Desfile na cidade

Umas vestem-se de verde,

um verde brilhante e primaveril,

que refresca os dias na cidade.

Desfilam pelas avenidas,

como podem.

Lindas, esbeltas e rejuvenescidas.

Entre o céu e a terra.




Outras, como nuvens pairando

sobre quem apressadamente passa,

vestem-se de lilás,

padrões cor de ametista floridos,

olhando o celestial azul lisboeta.

Reflectem-se em passadeiras gratuitas do mesmo padrão,

abrindo caminhos a quem passa.


A cidade entra na festa,

assim engalanada.


Acordamos neste desfile encantado,

para ouvir mais um dia de descrenças

e desgraças em que nos obrigam a mergulhar.


Assisto a este desfile,

de esperança e generosidade,

pelas avenidas da minha cidade,

em tons de verde e lilás.

A ametista a olhar por nós.

Não podemos não o sentir,

não o olhar.

Cola-se-nos à pele,

contagiando-nos o corpo,

os seres que somos.

O desfile da desgraça, oiço-o,

cada vez mais distante e cansado,

moribundo.


[Ametista: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ametista; http://www.sobre.com.pt/a-ametista-e-a-sua-simbologia]

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