sábado, janeiro 14, 2023

Os tempos que correm, os oportunismos e as manipulações

O meu alinhamento noticioso, hoje: os tempos que correm, os oportunismos e as manipulações. Sei que as questões da carreira dos professores não são de agora - já são bem antigas, que me lembre vêm desde o tempo do governo de Sócrates. Sei da proletarização de grande parte das carreiras da cultura, da saúde, do campo social. Sei que os professores não estão sozinhos. Mas pergunto, porquê agora?

Sei quem é o Mário Nogueira, como toda a gente - concorde ou não com ele. Sou sindicalizada no SPGL, que integra a FENPROF.
Não faço ideia de quem são os senhores do STOP, aliás um sindicato que sempre me provocou as maiores desconfianças.
Sei que os professores, assim como muitos outros profissionais, têm perdido direitos, que têm razões sérias para lutar. Há muito tempo! Escrevi aqui há uns dias sobre isso.
Há muita gente que não pode fazer greve, que não pode deixar de ir trabalhar, sob pena de não conseguir pôr um prato na mesa para si e para os seus filhos. Atualmente, mais do que nunca.
Percebo que, neste momento, há um clima de enorme manipulação de descontentamentos vários, que há muito deveriam ter sido levados a sério.
Eu nunca gostei de ir na "carneirada". Quando a "carneirada" é muito grande, desconfio e fico a olhar para o que está à volta. Gosto de pensar pela minha cabeça e de perceber o que se passa, do que se passa em fundo.
Nestas movimentações e greves dos professores sinto uma enorme desconfiança e acho que devem olhar bem e pensar bem quais as forças sociais e políticas que devem ouvir, quais são aquelas a que querem dar força.
Não contem comigo para alimentar forças desestabilizadoras da Democracia em tempos de guerra na Europa e de crescimento dos movimentos fascistas de extrema direita.
Aprendi, com a história, que nestes momentos de grande desestabilização há sempre aqueles que ganham muito à custa de todos os outros. Por isso estas desestabilizações sociais são tão queridas e aproveitadas por quem prefere a concentração de riqueza, em detrimento da sua distribuição.
Precisamos de olhar em perspetiva, de olhar para a "floresta" - é esta a "floresta" para que temos que olhar, neste momento - aquilo que está em pano de fundo.
Olhar só para o umbígo é sempre muito perigoso.Que a história não se repita. Sempre fui das que disse que os " professores a lutar, estão a ensinar". É verdade. Há muitos anos, desde que começámos a perder direitos. Neste momento, penso que não o estão a fazer da melhor forma.
Atualização [12:12] - Há uns dias que ando a pensar nisto e esqueci-me de mencionar em cima, quando escrevia, o discurso do António Guterres, o Secretário Geral da ONU - um observador privilegiado daquilo que se passa no mundo - na cerimónia dos 50 anos do Expresso, que muito me impressionou, em que ele sublinhava, como os indicadores dos Direitos Humanos, a nível mundial, têm regredido nos últimos anos. Isso faz também parte do mundo e dos tempos em que vivemos.
 

 
Escrito no meu mural do Facebook esta madrugada.

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