Cá estou eu mais uma vez a ter de falar de mulheres. Por acaso, é um tema que eu levo muito em gosto, por via de ser mulher, vá. E prontos, assim a modos que sou especialista, não é verdade?
Mas uma coisa é um ser um tema que eu levo muito em gosto, outra coisa é ter de estar sempre a falar no mesmo, em vez de fazer as minhas coisinhas. Estou com um bolo de iogurte no forno, o encerado do chão já está a olhar para mim com aquele ar de quem diz «Então, filha? E a cera?», e o Cif limão, pode ser uma maravilha para as loiças sanitárias, mas a verdade é que a palha d’aço ainda não sai sozinha debaixo do lava-loiças e não vai por sua alta recriação esfregar-me a banheira.
E vou falar de
mulheres outra vez porquê? Olha, porque isto as redes sociais, como diz a
Maria Vieira: «Aquilo está tudo mas é cheio de gente que não percebe
nada do que a gente dizemos». Tem razão.
Ainda ontem armaram uma grande escandaleira por o Sindicato dos Doutores Juízes ter resolvido organizar um órque-xó de maquilhagem para o Dia da Mulher. Eu acho boa ideia, e qualquer pessoa com dois dedos de testa também acha. Nem que seja para aprender a fazer a testa parecer maior, com base, que a base aquilo faz milagres.
Mas não, a maneira de agradecerem estas boas ideias é só deitar abaixo.
Atão vocês queriam que eles organizassem um órque-xó de quê? De mecânica? De matemática? De política? De assuntos da Justiça? Nestas coisas do Dia da Mulher o que pertence é assim qualquer coisa ligada ou com a maquilhagem, ou com a cozinha. Ensinar a fazer um suche, um sáchime, coisas de fora, lá dos chineses, para não chatear sempre o bife com arroz. E, prontos vá, se for assim para mulheres com mais estudos, não acho mal um curso de economia doméstica. Agora é preciso é que tenham cabeça para isso.
Além do mais, isto da maquilhagem é muito importante. Da mesma maneira que ninguém gosta de ver uma mulher a fumar na rua, ou a conduzir, ou a pilotar um avião, ou a ser, Deus nos livre, neurocirurgiã, também ninguém gosta de ver uma mulher desmazelada. Mal pintada, unha lascada, malha nas meias.
Ninguém gosta de entrar num tribunal e sermos atendidas por uma fanchona, dessas que nem um lápes passa por os olhos, nem uma cor na beiça, nem uma escova por o cabelo. Eu cá arrepio-me logo toda. E fico sempre com a sensação, Deus me perdoe, que me estão a olhar para as pernas...
Quem tem razão nessas coisas é a Doutora Joana Bento Rodrigues, que também foi arrasada nas redes derivados a uma coisa que escreveu no Ócevador, em que punha, e bem, as mulheres no lugar delas. Que é a casa. E uma casa bem decorada. Ela, por acaso, é médica. Que já se sabe que há mulheres, coitadas, que têm de fazer esses sacrifícios. Ela se calhar nem queria, aquilo devem de ter sido os pais que a obrigaram a estudar. É que há gente muito má.
Não havia uma palavra no que a mulher escreveu, a Doutora vá, que eu não assinasse por baixo. Por exemplos, diz ela que uma mulher deve de ganhar menos que o marido, para ele também não se sentir mal. Mas eu acho que isso já é a Doutora a ser muito moderna. Uma mulher não deve de ganhar nem mais nem menos que o marido. Uma mulher não deve de ganhar. Trabalhar fora de casa é para as galdérias, isto sem incluir a Doutora, claro. A gente temos as nossas obrigações é em casa. E uma mulher que trabalhe fora, para além de estar sujeita a ter a tentação de pôr os cornos ao marido, depois não tem tempo para ter a casa bem decorada.
A mulher aqui do terceiro esquerdo é professora e nem umas cortinas tem nas janelas. Eu não sou bisbilhoteira, mas já tem acontecido ir lá a casa quando ela não está, com o homem de contar a luz, e a criatura não tem um único naperon! É que nem por cima do plasma, nem nos braços dos sofás, nem em cima da mesa da casa de jantar, com uma fruteira por cima. Deve de votar no Bloco, com certeza. É claro que não é casada, que não há homem nenhum que se sujeite a isso. Olha, o meu não se sujeitava!
Mas eu, depois de ter lido o texto da Doutora Joana, tive uma ideia cá das minhas.
Atão é assim: outra pessoa que tem sido muito queimada nas redes é o Senhor Doutor Juiz Neto de Moura. Por mim até podia ser neto de Judia, que um juiz é para se respeitar.
Eu não vou dizer que estou de acordo lá com as ideias dele. Porque não estou. Mas gosto de saber que o Doutor fala muito na Bíblia. Por os vistos a avó era moura, mas ele não é. A Bíblia é um livro que está sempre muito actual. Mais actual que as leis, com toda a certeza, porque foi ditado por Deus Nosso Senhor, que tinha muito olho para estas coisas.
Agora ele defender os homens que batem nas mulheres, isso não posso desculpar. Seja por o que for, bater numa mulher é sempre um crime. Mas eu estive a ler as sentenças dele, e reparei que embica muito com a mulher adulta, a mulher adulta, que é uma mulher que se porta mal, vá.
Ora isto ninguém me contou, tirei eu da minha cabeça, que não conheço a senhora dele, mas fiquei com a impressão, e isto não é lançar boatos, que ela também deve de ser decoradora. Neste caso, da testa do marido. É que o homem vive tão obcecado com aquilo, que só pode ser um trauma qualquer. Por a minha saúde.
E foi aqui que se me fez luz. Em vez de repreendermos o homem, a gente devíamos era ajudá-lo a ultrapassar aquilo. Ganhávamos todos.
E pensei: e se a gente arranjasse uma mulher como deve de ser ao Senhor Doutor Juiz? Uma mulher que seja do lar, que goste de ter a casa bem decorada, que se vista como deve de ser, sem decotes, sem rachas na saia. Uma mulher que acorde todos os dias a agradecer a Deus ser casada com um juiz, que ganham tão bem e que é uma profissão tão bonita.
É isso mesmo, filhos!
O que a gente temos de fazer é arranjar uma Doutora Joana Bento Rodrigues para o Doutor Moura! Pagamos uma viagem sem volta prás Canárias à Senhora Moura e outra só de ida para as Caraíbas ao Senhor Rodrigues, e tratamos de fazer com que a Doutora Joana e o Doutor Moura se cruzem «sem querer» na rua.
Tenho a certezinha absoluta que vai ser amor à primeira vista! E que vão ser felizes para sempre! Como merecem.
Ai, eu dava uma grande Santa Antónia, não desfazendo!
Vá, com licença.
Ainda ontem armaram uma grande escandaleira por o Sindicato dos Doutores Juízes ter resolvido organizar um órque-xó de maquilhagem para o Dia da Mulher. Eu acho boa ideia, e qualquer pessoa com dois dedos de testa também acha. Nem que seja para aprender a fazer a testa parecer maior, com base, que a base aquilo faz milagres.
Mas não, a maneira de agradecerem estas boas ideias é só deitar abaixo.
Atão vocês queriam que eles organizassem um órque-xó de quê? De mecânica? De matemática? De política? De assuntos da Justiça? Nestas coisas do Dia da Mulher o que pertence é assim qualquer coisa ligada ou com a maquilhagem, ou com a cozinha. Ensinar a fazer um suche, um sáchime, coisas de fora, lá dos chineses, para não chatear sempre o bife com arroz. E, prontos vá, se for assim para mulheres com mais estudos, não acho mal um curso de economia doméstica. Agora é preciso é que tenham cabeça para isso.
Além do mais, isto da maquilhagem é muito importante. Da mesma maneira que ninguém gosta de ver uma mulher a fumar na rua, ou a conduzir, ou a pilotar um avião, ou a ser, Deus nos livre, neurocirurgiã, também ninguém gosta de ver uma mulher desmazelada. Mal pintada, unha lascada, malha nas meias.
Ninguém gosta de entrar num tribunal e sermos atendidas por uma fanchona, dessas que nem um lápes passa por os olhos, nem uma cor na beiça, nem uma escova por o cabelo. Eu cá arrepio-me logo toda. E fico sempre com a sensação, Deus me perdoe, que me estão a olhar para as pernas...
Quem tem razão nessas coisas é a Doutora Joana Bento Rodrigues, que também foi arrasada nas redes derivados a uma coisa que escreveu no Ócevador, em que punha, e bem, as mulheres no lugar delas. Que é a casa. E uma casa bem decorada. Ela, por acaso, é médica. Que já se sabe que há mulheres, coitadas, que têm de fazer esses sacrifícios. Ela se calhar nem queria, aquilo devem de ter sido os pais que a obrigaram a estudar. É que há gente muito má.
Não havia uma palavra no que a mulher escreveu, a Doutora vá, que eu não assinasse por baixo. Por exemplos, diz ela que uma mulher deve de ganhar menos que o marido, para ele também não se sentir mal. Mas eu acho que isso já é a Doutora a ser muito moderna. Uma mulher não deve de ganhar nem mais nem menos que o marido. Uma mulher não deve de ganhar. Trabalhar fora de casa é para as galdérias, isto sem incluir a Doutora, claro. A gente temos as nossas obrigações é em casa. E uma mulher que trabalhe fora, para além de estar sujeita a ter a tentação de pôr os cornos ao marido, depois não tem tempo para ter a casa bem decorada.
A mulher aqui do terceiro esquerdo é professora e nem umas cortinas tem nas janelas. Eu não sou bisbilhoteira, mas já tem acontecido ir lá a casa quando ela não está, com o homem de contar a luz, e a criatura não tem um único naperon! É que nem por cima do plasma, nem nos braços dos sofás, nem em cima da mesa da casa de jantar, com uma fruteira por cima. Deve de votar no Bloco, com certeza. É claro que não é casada, que não há homem nenhum que se sujeite a isso. Olha, o meu não se sujeitava!
Mas eu, depois de ter lido o texto da Doutora Joana, tive uma ideia cá das minhas.
Atão é assim: outra pessoa que tem sido muito queimada nas redes é o Senhor Doutor Juiz Neto de Moura. Por mim até podia ser neto de Judia, que um juiz é para se respeitar.
Eu não vou dizer que estou de acordo lá com as ideias dele. Porque não estou. Mas gosto de saber que o Doutor fala muito na Bíblia. Por os vistos a avó era moura, mas ele não é. A Bíblia é um livro que está sempre muito actual. Mais actual que as leis, com toda a certeza, porque foi ditado por Deus Nosso Senhor, que tinha muito olho para estas coisas.
Agora ele defender os homens que batem nas mulheres, isso não posso desculpar. Seja por o que for, bater numa mulher é sempre um crime. Mas eu estive a ler as sentenças dele, e reparei que embica muito com a mulher adulta, a mulher adulta, que é uma mulher que se porta mal, vá.
Ora isto ninguém me contou, tirei eu da minha cabeça, que não conheço a senhora dele, mas fiquei com a impressão, e isto não é lançar boatos, que ela também deve de ser decoradora. Neste caso, da testa do marido. É que o homem vive tão obcecado com aquilo, que só pode ser um trauma qualquer. Por a minha saúde.
E foi aqui que se me fez luz. Em vez de repreendermos o homem, a gente devíamos era ajudá-lo a ultrapassar aquilo. Ganhávamos todos.
E pensei: e se a gente arranjasse uma mulher como deve de ser ao Senhor Doutor Juiz? Uma mulher que seja do lar, que goste de ter a casa bem decorada, que se vista como deve de ser, sem decotes, sem rachas na saia. Uma mulher que acorde todos os dias a agradecer a Deus ser casada com um juiz, que ganham tão bem e que é uma profissão tão bonita.
É isso mesmo, filhos!
O que a gente temos de fazer é arranjar uma Doutora Joana Bento Rodrigues para o Doutor Moura! Pagamos uma viagem sem volta prás Canárias à Senhora Moura e outra só de ida para as Caraíbas ao Senhor Rodrigues, e tratamos de fazer com que a Doutora Joana e o Doutor Moura se cruzem «sem querer» na rua.
Tenho a certezinha absoluta que vai ser amor à primeira vista! E que vão ser felizes para sempre! Como merecem.
Ai, eu dava uma grande Santa Antónia, não desfazendo!
Vá, com licença.
De AQUI.
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