terça-feira, outubro 18, 2011

«O desenvolvimento do subdesenvolvimento», por Boaventura Sousa Santos

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À partida, a invocação de uma emergência nacional aponta para sacrifícios extraordinários que devem ser impostos aos que estão em melhores condições de os suportar.

Por isso se convocam os jovens para a guerra, e não os velhos. Não estariam os super-ricos em melhores condições de responder à emergência nacional?

Esta é uma das perplexidades que leva os indignados a manifestarem-se nas ruas. Mas há muito mais. Perguntam-se muitos cidadãos: as medidas de austeridade vão dar resultado e permitir ver luz ao fundo do túnel daqui a dois anos? Suspeitam que não porque, para além de irem conhecendo a tragédia grega, vão sabendo que as receitas do FMI, agora adotadas pela UE, não deram resultado em nenhum país em que foram aplicadas – do México à Tanzânia, da Indonésia à Argentina, do Brasil ao Equador – e terminaram sempre em desobediência e desastre social e econômico. Quanto mais cedo a desobediência, menor o desastre.
(...)»


http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5256

2 comentários:

L.Reis disse...

Essa ideia de "os ricos pagarem a crise" sempre me pareceu muito bizarra...coitadinhos dos "senhores"...seria um acto de malvadez alterar-lhes o estilo de vida, traumatizá-los...até já lhes sinto a angústia...Já o pobre é uma coisa diferente! Pobre está habituado a ser pobre, tem robustez psíquica para a penúria e para o sacrifício. Pobre é um profissional da crise! Pobre é o Picasso da contenção! É o Miró da poupança! É justo que estejam na frente da batalha de bolsos vazios, pois numa guerra temos grandes vantagens em estarmos assim a modos que levezinhos... E depois disto, vou fazer mais uns furitos nos vários cintos que para ali tenho...
Abaixo VILANAGEM!!!
Sabes uma coisa? Eu estou prontinha para ser desobediente...

mfc disse...

Uma voz lúcida e que dá um prazer enorme ler!