Presidente vê o prémio como "afirmação da liderança americana"
Barack Obama diz receber o Nobel "com profunda humildade"
09.10.2009 - 16h48 PÚBLICO
O Presidente Barack Obama afirmou-se “surpreendido” e disse ter recebido com “profunda humildade” o Prémio Nobel da Paz. Este prémio não é um reconhecimento dos seus “próprios sucessos”, declarou, mas uma “afirmação da liderança americana em nome das expectativas de pessoas em todo o mundo”.
O líder norte-americano adiantou que estava longe de esperar ser galardoado com o Nobel. “Estou ao mesmo tempo surpreendido e sinto-me profundamente humilde com a decisão do comité Nobel”, disse aos jornalistas reunidos na Casa Branca. “Não olho para isto como um reconhecimento dos meus próprios sucessos, mas sim como uma afirmação da liderança americana em nome da aspirações das pessoas em todo o mundo”, cita a Reuters.
O Presidente disse “aceitar este prémio como uma chamada para a acção”. E as acções que há a tomar não dizem respeito apenas aos Estados Unidos, mas a todas as nações do mundo. “Não podemos aceitar as crescentes ameaças impostas pelas alterações climáticas, que poderão prejudicar para sempre o mundo que vamos passar às nossas crianças, a propagação dos conflitos e da fome, a destruição das linhas costeiras e a desertificação das cidades. E é por isso que todos os países devem agora aceitar a sua parte de responsabilidade pela transformação na forma como usamos energia”, declarou.
Obama aproveitou para apelar ao fim da discriminação: “Não podemos permitir que as diferenças entre os povos definam a forma como nos vemos uns aos outros. E é por isso que tem de haver um novo começo entre pessoas de diferentes fés e raças e religiões, assente no interesse e no respeito comuns”.
Nos esforços globais, Obama inclui a resolução do conflito israelo-palestiniano e o direito de ambos os povos a “viverem em paz e segurança em nações suas”.
Também se referiu ao trabalho conjunto para “um mundo sem armas nucleares”, e aos desafios impostos pelos que ameaçam a segurança dos EUA e do mundo. “Sou o comandante-supremo de um país responsável por terminar uma guerra e a operar num outro teatro para enfrentar um adversário implacável que ameaça directamente o povo americano e os nossos aliados.”
“Para ser franco, acho que não mereço estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram honradas com este prémio, homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo inteiro pela sua procura corajosa da paz”, adiantou. “Mas também sei que este prémio reflecte o tipo de mundo que todos aqueles homens e mulheres quiseram construir, um mundo que dá vida à promessa dos nossos documentos fundadores”.
O Nobel foi atribuído "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos". “O comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama com vista a um mundo sem armas nucleares", declarou o presidente do órgão que escolhe o laureado, Thorbjoern Jagland. "Só muito raramente uma pessoa conseguiu como Obama capturar a atenção do mundo e dar às pessoas esperança para um futuro melhor", afirmou ainda o comité, avaliando que “a diplomacia [de Obama] é fundada no conceito de que aqueles que lideram o mundo têm de o fazer tendo por base valores e atitudes que são partilhados pela maioria da população mundial”.
Obama fez do desarmamento nuclear topo das prioridades da sua política externa, relançando negociações com a Rússia e fazendo mexer o tabuleiro internacional no sentido de pressionar as duas consensuais “potenciais ameaças” nucleares (Irão e Coreia do Norte). Outra prioridade é reactivar o processo de paz no Médio Oriente. No mês passado, liderou a histórica reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em que foi aprovada de forma unânime uma resolução instando os países dotados de armamento nuclear a reduzirem esse poder bélico.
Mas, apesar dos ambiciosos objectivos internacionais, o Presidente norte-americano ainda não conseguiu romper o impasse nas negociações entre israelitas e palestinianos, tão pouco obteve quaisquer resultados no que toca ao polémico programa nuclear iraniano. A par disto tem pela frente muito difíceis escolhas a fazer nos terrenos de guerra em que os Estados Unidos estão envolvidos, à cabeça sobre a forma como conduzir a guerra no Afeganistão.
Notícia actualizada às 18h00
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