Do Eduardo Lourenço sobre o ECP, na Visão nº 756, de 30/08/2007
«(...)
O melhor lugar "crítico" é um lugar de insatisfação. Como o de todos os sacristães que tocam, mesmo com amor, nos vasos sagrados. O Graal de todo o crítico é transformar a água mágica do texto amado em vinho divino, a letra do texto em sangue de Deus. Glosa-se pouco ou nada o mais raro dos suplícios, o dos que se perdem no mar dos textos que são a nossa vida verdadeira, nós mesmos lidos e criados pelo que nos cria, e morrem de excesso de sede, como Tântalo, à beira da Obra divina que ao mesmo tempo lhes abre o paraíso e os deixa à sua porta. A maioria dos que vivem como abelhas, enterrados e sufocados pelo mel alheio, não vivem de outra coisa que do desejo e do sonho de que ao menos uma gota desse mel tome um dia a forma do seu coração. Digamos, da sua escrita. (...) »
... resta-nos aprender a viver nesta permanente e insuperável insatisfação e saborear, com uma imensa gratidão, o «leite e o mel» de cada dia.
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