sábado, julho 28, 2007

As Tic na Escola

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«Para Estanque (2002), o desenvolvimento tecnológico sempre correspondeu a necessidades pré-existentes, no entanto ele "nunca é nem um puro meio, nem um puro fim da actividade social".

«Este investigador sublinha o facto de as tecnologias, tal como todos os artefactos materiais (bens, utensílios, recurso, técnicas ou mesmo elementos da natureza) "uma vez apropriados ou marcados pela presença humana, pelos efeitos da cultura, ganham um novo alcance no plano simbólico e das subjectividades" revestindo-se de múltiplos significados. É também por dimensões de tipo simbólico que passam os efeitos sociais e as implicações das tecnologias.

«O desenvolvimento tecnológico, nomeadamente no que se refere às Tecnologias da Informação e Comunicação (T.I.C.), colocou a humanidade (ou parte desta) na era da comunicação universal (Delors, 1996). O acesso a informações rigorosas e actualizadas a partir de qualquer parte do mundo, as potencialidades proporcionadas pela interactividade, no que se refere à partilha e troca de informações e conhecimentos, à capacidade de discutir e debater, estes são aspectos que nos aproximam enquanto seres humanos, em que as T.I.C. desempenham um papel fulcral, encurtando a distância e o tempo, e abrindo novas oportunidades de colaboração e de construção em conjunto.

«Apesar de apontar para esta "Utopia necessária", o relatório "Educação – um tesouro a descobrir" (Delors, 1996), não deixa de alertar para todos os aspectos que constituem o outro lado da moeda, ou seja, o facto de mais de metade da população mundial não ter ainda acesso aos serviços telefónicos, o preço demasiado elevado dos sistemas de informação, os interesses associados a um poder cultural e político (isto é, o quase monopólio das indústrias culturais) e a difusão mundial dos produtos que fabricam, são factores que ameaçam as especificidades culturais, provocando o consequente "sentimento de espoliação e perda de identidade".

«Mencionar as potencialidades, as utopias com que o desenvolvimento tecnológico nos faz sonhar, mas também as suas «sombras» e os lados mais ocultos, reconhecer o papel que hoje as tecnologias de informação e comunicação têm nos mais variados sectores das sociedades ocidentais, na minha perspectiva, significa também chamar a atenção para o papel que instituições como a Escola têm na promoção da utilização destes meios, mas também no modo como estes devem ser olhados critica e reflexivamente.»

Belchior, M. (2004). Desenvolvimento Profissional e Aprendizagem dos professores do 1ºCEB - contributos para uma reflexão sobre a aprendizagem como prática social - Tese de Mestrado apresentada ao Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - http://web.educom.pt/margaridabelchior/Tese/Final_050417.pdf

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