Afinal sempre venho dizer algo sobre os rankings das Escolas. Quero dizer que os rankings me mostram que as escolas públicas são muito melhores do que as privadas. Sabem porquê? É evidente. Entra pelos olhos dentro: as escolas públicas trabalham, na sua grande maioria, para que TODOS os alunos, e as alunas também, aprendam; recebem todos os tipos de alunos, de todos os géneros, de todas as etnias, de todas as nacionalidades, falando mesmo diferentes línguas e com diferentes hábitos culturais, de todas as classes sociais, desde o filho do dono do café do bairro, passando pela filha do dentista, amiga das filhas da senhora que tem o melhor lugar de pescado na praça e vizinha daquela família de advogados que também tem os seus quatro filhos na mesma escola pública; até aqueles atores que fazem a novela das oito têm os seus dois filhos nessa mesma escola; assim como ciganos que fazem a feira do Relógio, todos os domingos, e que têm quatro filhos, dois meninos e duas meninas, todos andam na mesma escola; e também frequentam essa escola os três filhos da professora da universidade que mora por baixo de mim, dois eles e uma ela; todos estes alunos também se encontram com os filhos da administrativa do Centro de Saúde e ainda com os filhos da senhora que trabalha nas limpezas, que veio da Guiné-Bissau e começa a trabalhar às 6h da manhã e só chega a casa depois das 22h; a sua colega e amiga portuguesa, mas de origem caboverdeana, também tem os filhos nesta escola; a mesma escola em que os filhos do dono da pastelaria fina do bairro andam, e adoram; a exatíssima escola em que andam também os filhos do doutor que aparecia na televisão a falar sobre a pandemia; essa mesma que também é frequentada por aquele grupo de crianças e jovens que vivem numa Casa de Acolhimento, por misérias várias das nossas sociedades; todos se cruzam também com o filho ou a filha da professora de matemática, os do professor de filosofia ou de artes; e ainda há aqueles dois jovens que acabaram de chegar da Ucrânia, com os pais e os avós, fugidos da guerra, sem saberem falar português, nem inglês, em fase de instalação no nosso país, meios perdidos ainda; é esta mesma escola, que vai acolhendo, há já alguns anos, filhos de imigrantes paquistaneses, nepaleses e afegãos, chegam sem falar português e muito poucos falam inglês.
Todos com vidas muito diferentes, todos com acesso a livros ou outros recursos culturais muito diversos, cada qual a descobrir-se na sua própria medida, conhecendo o mundo através dos outros e assim a construir o seu próprio projeto de vida.
Que riqueza toda esta diversidade étnica e cultural.
Que desafio imenso para toda a escola, para toda a comunidade.
Na Escola pública andam TODOS os tipos de alunos.
Todos aprendem, todos crescem em conjunto, todos aprendem muito mais do que as estritas matérias escolares avaliadas nos exames que servem para fazer os rankings.
Que pobreza - e que tristeza! - se numa escola como esta não se cruzarem as estritas matérias avaliadas nos exames, com toda esta diversidade social e cultural da atualidade.
Do conhecimento que tenho, sei que a grande maioria das escolas públicas são excelentes espaços de encontro, de construção e de aprendizagem nesta grande diversidade que é a nossa vida em sociedade. Felizmente!! Com problemas, defeitos, tensões e conflitos que se vão resolvendo à medida que vão surgindo.
Estão de parabéns as Escolas públicas no nosso país! Onde além do possível, que já está feito, quotidianamente se fazem os impossíveis para um maior bem comum de todos nós, da nossa sociedade.
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