sábado, maio 22, 2021

O meu alinhamento noticioso, hoje: rankings e Educação

O meu alinhamento noticioso, hoje: está a apetecer-me fugir, "fechar-me numa bolha" no meio de uma floresta, com livros para ler e chocolate quente para beber, longe de tudo e de todos.
Já não se aguentam estas discussões sobre os rankings das Escolas. Ainda se alguém me soubesse explicar, como é que 20 anos de rankings contribuíram para melhorar as aprendizagens dos alunos, daqueles mais vulneráveis socialmente; como contribuíram para melhorar as condições em que vivem, eles, as suas famílias, as suas comunidades; e quem ganha com todas estas comparações ... Ando há 20 anos a fazer estas perguntas, a tentar perceber e até agora nada. Começo a ficar com nauseas de tanta palermice, para não falar em malvadez. São notórios os interesses subjacentes nas análises que se encontram nos jornais por estes dias.
Há outros dados que avaliam a qualidade da Educação neste país de Abril que me entusiasmam muito mais, e que mostram os progressos realizados desde então. De um país de quase 25% de analfabetos, na década de 70, passámos para uma taxa de 5% de analfabetismo (dados dos censos (INE), PORDATA); a taxa de abandono escolar da população, ou seja, daqueles que entre os 18 e os 24 anos que não terminaram o ensino secundário, também tem vindo sempre a diminuir, em 1990 era ainda de 50% para atualmente ser de 9% (dados PORDATA). Estes são os indicadores estatísticos mais relevantes em termos comparativos com outros países, quer no contexto europeu, quer no contexto da OCDE. Será que apenas estes dados não têm um significado no que diz respeito à qualidade das nossas Escolas, dos esforços que aí se realizam quotidianamente, para melhorar a qualidade das aprendizagens dos alunos? E não sabemos todos como esses esforços se têm manifestado nos testes do PISA, já que se gosta tanto de analisar a Educação em termos estatísticos e, a partir d'aí, tirar ilações para o quotidiano do que passa nas salas de aula?
Depois quero mencionar e valorizar todo o trabalho que é realizado todos os dias, em todas as escolas, em todas as salas de aula, atrevo-me a dizer. Um trabalho para o crescimento e desenvolvimento de TODOS os alunos. Intervêm os funcionários, os/as professores/as, os/as diretores/as, os pais, as mães, as comunidades educativas, as autarquias, ... Quero ainda referir os excelentes projetos que se desenvolvem nas nossas Escolas, projetos com a comunidade, projetos de promoção de Inclusão social, projetos internacionais, ...
Não adianta opôr o ensino público ao ensino privado. Todas as crianças e jovens portugueses, todas as crianças e jovens que vivem em território português, têm direito a frequentar a Escola pública, se assim não acontece todos sabemos por que razão é. Do que conheço, considero que as Escolas públicas são excelentes. Comparando as Escolas públicas com as Escolas privadas, simplisticamente, através dos rankings, e considerando os dados que são utilizados para esse efeito, só se pode concluir que as Escolas privadas preparam melhor para os exames. Mais nada. Graças a Deus que a Educação não se resume a resultados de exames, o que seria um grande empobrecimento do que significa educar, ensinar, fazer aprender, apoiar o crescimento, o desenvolvimento humano.
Sempre disse aos meus alunos que não há "gente burra", que todos conseguem aprender, mas fico sempre admirada com tanta "burrice" que se escreve sobre Educação a propósito dos "rankings".
Já gastei tempo de mais com uma coisa que não vale a pena.
Não mais voltarei a fazê-lo. Prometo! Sobretudo a mim própria.

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