Estou a pensar em todas as memórias que este dia me traz.
Este ano, com todos os constrangimentos da pandemia que estamos a viver, tive o privilégio de celebrar o 25 de abril com amigas que estão no Brasil e de fazer novos amigos das regiões da antiga ex-Jugoslávia, no âmbito do Sociodrama e através do ZOOM.
Percebi, como é difícil a quem está de fora, compreender como pode acontecer uma revolução pacífica, sem mortes (a não ser as que foram provocadas ainda pela PIDE, 2 ou 3 dias depois), desencadeadas por militares, por aqueles que habitualmente fazem a guerra. Como é que militares podem ser pacifistas? Como podem defender o seu povo e ajudá-lo a emancipar-se, a lutar por uma vida mais digna, com "PAZ, PÃO, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO"?
Foram necessárias muitas mortes na guerra colonial, foi necessário muito sangue derramado, muitos mutilados, muita gente traumatizadas, muita pobreza provocada pelo esforço da guerra. Tanto cá, como nas ex-colónias. Também foram necessárias muitas prisões, muitas mortes e muita tortura, feitas pela polícia política, a PIDE.
Foi necessário perceber que tudo isto não tinha qualquer sentido. Que os povos das ex-colónias tinham direito à sua independência. Que os portugueses tinham direito a viver em Liberdade, em Democracia, a expressarem-se livremente, a associarem-se e a organizarem-se.
Mas hoje, no meio da pandemia, também percebemos que a Democracia e a Liberdade se continuam a construir todos os dias, passo a passo. E que ainda há muito a fazer para conquistarmos o sonho de Abril, o da Igualdade, da Equidade e da Fraternidade.
Muito obrigada a tod@s que me fizeram, e fazem, continuar a ter Esperança, acreditando que se pode transformar o impossível no possível: "Tudo é possível!"
Dedico este dia à minha querida amiga, Xexão Moita.
Sem comentários:
Enviar um comentário