Foi preciso aqui chegarmos para percebermos enquanto povo, enquanto coletivo, a importância da educação para a construção do futuro?!?
Nunca como hoje, em 34 anos que levo de professora, senti tamanha consciência do que significa verdadeiramente ser professor/a no nosso país.
Nunca senti, como neste dia, de forma partilhada, o reconhecimento da importância do significado social da escola, da educação.
São muitas as manifestações nesse sentido: desde os alunos, aos pais e encarregados de educação, passando pelos "opinion makers" e por "criativos" vários: os escritores, os actores, os jornalistas, os artistas plásticos.
Hoje os professores sabem que estão a lutar pelas suas condições de trabalho e pelo seu emprego, por uma escola pública de qualidade onde os seus alunos gostem de estar, não só por ser um local de encontro e brincadeira com os seus pares, mas também pelo prazer sentido no esforço que põem no trabalho de aprendizagem que necessitam de fazer para as muitas "obras", trabalhos que vão construindo.
Hoje os professores sabem que estão a lutar pelo futuro da cultura, da ciência e da criatividade no nosso país.
Hoje os professores sabem que não fazem apenas um dia de greve aos exames, mas antes que através da sua luta se tornaram catalisadores de um descontentamento e deuma revolta generalizada sobre a situação que vivemos num país da Europa do século XXI - uma Europa que parece afundar-se lentamente, onde se desvanece o sonho político de uma construção democrática conjunta do pós-guerra, cedendo à orquestração de uma invisível batuta manuseada pelos "mercados". Estes, por sua vez, reificando a ganância desenfreada de poucos pelos lucros financeiros, sem olhar a "custos" (de todo o tipo) pagos por uma multidão de vidas inteiras de trabalho.
Hoje, como nunca antes tinha sucedido, sinto no nosso país como os professores estão a ser portadores de esperança, opondo-se a uma ignorância destruidora de tantos bens e tantas "ferramentas" imprescindíveis à construção de um futuro outro - afinal o futuro de todos nós. Um futuro mais democrático, mais equitativo, mais solidário, com uma maior distribuição da riqueza, em que o direito ao trabalho e o direito ao descanso andem de mãos dadas, onde todos tenham o suficiente para satisfazer as suas necessidades básicas, de modo a poderem realizar-se enquanto seres humanos.
Hoje volto a Eduardo Galeano e à importância da utopia - "Se não nos deixais sonhar, nos vos deixaremos dormir!"
1 comentário:
Gostei... do texto e do vídeo.
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